A minha filha mais velha saiu do confortável casulo/colégio particular em que sempre andou, para ingressar numa escola pública, na vertente "Artes Visuais". Começou pela sandalucha de missanga no dedo, avançou para a calça balão dos indianos e as túnicas étnicas com decotes violentos; depois vieram os brincos compridos a chocalhar, um diferente em cada orelha, mais dois ou três furos por aí acima e uma espécie de anel na parte superior da cartilagem (sem furo, por enquanto). Os cabelos já lhe vão a meio das costas, as pontas demasiado espigadas e, enrolados ao pescoço, aqueles horrorosos lenços aos quadrados do hezbolah. Toma dois banhos por dia mas não parece e já me fala em piercings no umbigo e num brilhantezinho – daqueles pequeninos, vá lá mãe! –na narina esquerda.