Atormentada por uma consciência fransciscana que de quando em vez me morde as canelas citadinas, cedo sempre aos desejos de bicharada em casa (exceptuando insectos). Por isso, e depois dos costumeiros vá láaaa, não, sim, ohmãeee, não etc. e tal que isto já enjoa, lá entrámos na maravilhosa fase tartaruga.E é agora, com a transição para os habitats aquáticos, que a coisa se começa a complicar (água = bedunguice húmida = cheiro pestilento).Ainda por cima, os espertalhaços dos vendedores de hoje, sob a capa da mariquice politicamente correcta, impingem toda a espécie de luxos inúteis para os animaizinhos, tipo vitaminas-para-a-tartaruga-aguentar-a-hibernação, sais-minerais-para-aniquilar-o-cloro, filtro-a-motor-para-oxigenar-a-água e saibro-fervido-para-o-fundo-do-aquário. Sim: aquário! Porque hoje já não há cá aquela coisa das ilhotas de plástico com as palmeiritas verdes no meio, como no nosso tempo. Quer dizer, haver, há, mas eles descrevem-nas como sendo uma espécie de alcatraz para as tartarugas, taditas, que nem se podem mexer, nem nadar nem nada... e não há quem as compre.Como tudo acabou? Eu conto. Depois de uma hora com três crianças histéricas numa mini-loja para animais onde, se me virasse para um lado, pisava uma cacatua e se me virasse para o outro, esborrachava um coelho-anão, lá saímos com dois aquários próprios, quatro tartarugas e uma catrefada de sais minerais e vitaminas de fazer inveja a qualquer campanha de saúde da ONU em África. A escolha dos bichos não se mostrou fácil, afinal, as tartarugas são todas muuuuuuito diferentes umas das outras (como todos sabemos) mas, após quinze minutos de cócoras e quatro decisões sofridas, a escolha do nome revelou-se estranhamente fácil. A verdade é que, enquanto existirem pokémons (já são mais de quinhentos), nomes para animais nunca serão um problema...Agora, levantam-se-me desafios vários, a saber.Já consegui convencer a minha filha de que não é preciso dar-lhes aqueles camarõezinhos mal-cheirosos à boca com uma pinça, que as gajas sabem comer sozinhas (são parvas mas não tanto). A próxima etapa é convencê-los aos três de que a snorlax, a charmander e a mais-não-sei-quantas não precisam de comer duas vezes por dia, todos os dias (afinal, o raio dos bichos passam meses hibernados e em regime de manutenção mínima, porra!). Por último, tenho de lhes fazer ver (ai! cansaço...) que aquele cheirinho bom que agora exala do quarto deles, não é das cuecas nem das meias sujas que se amontoam ao canto da cama, mas sim do interior dos lindos e grandes aquários que teimaram em comprar e que levam litradas de água que mais parecem uns auto-tanques (e que são eles que têm de os lavar, como me prometeram e juraram) embora não apeteça nada porque naquele exacto momento está a começar mais um episódio dos morangos. Pois. Está-se mesmo a ver. É que é já a seguir.
(ganda totó. major totó, é o que eu sou. major).